Quando a heroína começou a ser consumida, não se sabia o quão ruim era, e no final morreu muita gente. Espero que não seja assim agora, mas tem gente que morre porque usa o celular até quando está dirigindo. O fumante pode ser trancado numa solitária ou levado para o fim do mundo, não adianta. As garras da abstinência de nicotina cairão sobre ele, esteja onde estiver. Entrevistados pela BBC News Brasil, ele e Paulo Jannuzzi Cunha dizem ter opiniões pessoais sobre iniciativas como a liberação do uso recreativo do uso da maconha. Mas, como pesquisadores, defendem políticas e decisões públicas baseadas em evidências.
‘Não há muita diferença entre o vício em drogas e no celular’, diz psicólogo
Sabemos que a dependência é um problema complexo, sem soluções simples. Contudo, esse potencial tratamento pode ser muito importante para o abandono definitivo da dependência”, explica Garcia. As drogas também podem ser classificadas em depressoras (álcool, heroína, solventes), estimulantes (cocaína, anfetaminas, nicotina) e perturbadoras (maconha, LSD, ecstasy). A relação entre álcool e diferentes formas de violência também foi abordada pelo 3° Levantamento, apresentando um panorama contundente. Aproximadamente 14% dos homens brasileiros de 12 a 65 anos dirigiram após consumir bebida alcoólica, nos 12 meses anteriores à entrevista. A percentagem de pessoas que estiveram envolvidos em acidentes de trânsito enquanto estavam sob o efeito de álcool foi de 0,7%.
Sintomas do vício em drogas
A prevalência de ter reportado que “destruiu ou quebrou algo que não era seu” sob efeito de álcool também foi estaticamente significativa e maior entre homens do que entre mulheres (1,1% e 0,3%, respectivamente). É preciso regulamentar os próprios aplicativos, as próprias empresas, para que depois as coisas cheguem bem ao resto do mundo, sem elementos nocivos ou viciantes. Não há ferramentas para educar a população mais jovem, que é quem mais utiliza (essas tecnologias).
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Em 2003, Garcia e o cientista Angelo de Fátima, do departamento de Química Orgânica da UFMG, tentavam replicar nos laboratórios brasileiros o experimento da vacina americana contra a cocaína, desenvolvida por George F. Koob no Instituto de Pesquisa Scripps. Os pesquisadores mineiros, contudo, conseguiram sintetizar uma nova molécula, que foi caracterizada em 2014 e deve ser patenteada em breve. Atualmente, oito cientistas da UFMG estão envolvidos nos estudos, bancada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), agências de fomento à pesquisa.
Quando cheirada, a cocaína passa pelo nariz e pelo sistema respiratório. “No crack, a cocaína vai imediatamente para os pulmões, onde os alvéolos jogam a droga direto no sangue e no cérebro”, diz o psiquiatra Thiago Fidalgo, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um vício é uma doença física e psicológica que cria dependência em relação a uma substância, atividade ou relação. A médica Juliana Soares lembra que esportistas estão sujeitos a lesões na cabeça que podem causar um “pseudoaneurisma”, possivelmente relacionado a pancadas frequentes comuns na atividade de jogadores de futebol, de futebol americano e de boxeadores.
Estamos vendo consequências no desempenho acadêmico dos jovens, acidentes de trânsito que podem levar ao pior, ansiedade, estresse, frustração, transtornos alimentares desencadeados pelo Instagram. Hoje sabe-se que os receptores específicos para a nicotina no cérebro, quando ativados, liberam substâncias que garantem sensação de prazer. É por isso que um cigarrinho já basta para amenizar sintomas de ansiedade e depressão. Diga-se, não à toa tem ganhado muitos adeptos nestes tempos de estresse crônico.
Estamos deixando a tecnologia avançar livremente, e as consequências são evidentes. Masip – Estamos vendidos diante do avanço tecnológico porque as empresas buscam que seu uso seja o maior possível em seu próprio benefício. Quase não há regulamentação, e educação para as famílias e nas escolas sobre o uso responsável da tecnologia é muito pobre.
“O percentual que encontramos no 3° Levantamento é inferior ao que aparece na Pesquisa Nacional do Uso do Crack [Fiocruz, 2013]. Mas os usuários de crack compõem uma população majoritariamente marginalizada, que vive em situação de rua. Desse modo, importante reforçar que o levantamento corrobora o grave problema de saúde pública que é o uso de crack no Brasil. Mas faz isso justamente por mostrar, a partir da visibilidade diminuta dentro dos lares, que o consumo dessa substância no país é um fenômeno do espaço público”. clínica de recuperação de dependentes químicos Por esse mesmo motivo, embora se tenha observado que os adolescentes que fumam maconha têm piores resultados acadêmicos e mais probabilidades de consumir outras drogas ilegais, não se pode afirmar que esses últimos efeitos sejam causados pela substância. Outros efeitos do consumo habitual de maconha durante a adolescência e a juventude são os transtornos cognitivos, apesar de não estar claro quais mecanismos causam esses transtornos e a possibilidade de que sejam reversíveis se a pessoa deixa de tomar a droga.
Assim, no primeiro mês, o grupo que também fumava maconha se manteve mais abstinente, mas depois do terceiro mês, a tendência se inverteu, indicando possíveis danos desta combinação de drogas em um prazo maior. Os dependentes em cocaína participantes passaram um mês tratando-se em internação voluntária no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP e, depois, foram acompanhados pela equipe. Eles eram predominantemente homens, com idades entre 25 e 35 anos e mais ou menos dez anos de escolaridade. Já o grupo controle foi formado por funcionários do hospital e de um posto policial próximo; por estudantes de uma escola nas redondezas; e moradores da vizinhança. A heroína foi classificada como a segunda droga mais nociva considerando o dano que causa tanto aos consumidores como à sociedade. Segundo estimativas, o mercado de opiáceos ilegais, incluída a heroína, movimentou 68 bilhões de dólares no mundo inteiro em 2009.
Grande parte dos dados considerados mais alarmantes com relação aos padrões de uso de drogas no Brasil não estão relacionados porém às substâncias ilícitas, e sim ao álcool. Mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter consumido bebida alcóolica alguma vez na vida. Cerca de 46 milhões (30,1%) informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias anteriores.